A visão de cada um sobre igreja pode ser seu limite para conhecer Deus.
Alguns cristãos não conseguem enxergar Deus fora das suas igrejas locais. Eles vivem em uma espécie de cidadela do interior e me parece que a sua única função neste mundo é apenas arrecadar mais moradores para seu vilarejo. São “cidades” onde os moradores têm suas festas, seus idiomas, suas tradições e a vivência considerada sadia se resume a que todos obedeçam e se sujeitem a tudo que lhe foi imposta, ainda que lhe falte coragem e lhe sobrem algumas pulgas atrás da orelha.
Outros, porém, alargam essas fronteiras para suas denominações e só conseguem enxergar Deus dentro do seu pote lacrado. É um grupo maior de pessoas que direcionam onde todos devem andar, direcionam suas práticas, instalaram ritos e rituais fixos, e jamais se misturam com o mundo ou com os demais membros da cristandade. É uma coleção de igrejas da mesma espécie, com pouca diversidade e quase nenhuma liberdade. Circulam no guetos das suas programações, andam somente com pessoas da denominação, promovendo seus usos e costumes, exaltando seus maneirismos e trejeitos. Há uma falsa união, mas na verdade é cada um anunciando o deus do seu próprio coração, no estilo “cada um pelo que acredita e Deus por todos”.
O Reino vai para além das nossas meras percepções particulares.
Sabemos “de boca” que Deus reina sobre todo o Universo, mas, mesmo assim, resumimos Ele a nosso próprio universo. Sabemos que Ele domina sobre todo o planeta Terra, mas, mesmo assim, ficamos comparando nações como se Deus amasse uma mais em detrimento de outras. Sabemos que Ele amou e atraiu toda a humanidade para si, mas, ainda sim, reduzimos a salvação a fatias de pessoas que tem o nosso entendimento doutrinário. Sabemos que Ele domina sobre a história, mas, mesmo assim, tentamos a reescrevê-la pelas próprias mãos fazendo justiça do jeito errado. Sabemos que Ele domina sobre sua Igreja, mas, mesmo assim, nós queremos ditar o comportamento dela e dos membros, para apenas se sentir mais privilegiado. Reconheça-se ou não, com a obra da cruz de Cristo, a morte, o pecado e Satanás foram derrotados e a terra resgatada.
O dia que descobrirmos que o Reino, por completo, liberta a consciência do ser humano da escravidão dos sistemas, poderemos ser uma igreja para além das quatro paredes, uma igreja que interage e age no mundo lá fora, e que supera a sua própria alienação, uma igreja que não age por medo ou pela acomodação, que não busca privilégios para si, mas que sabe bem do seu papel dentro deste tempo. Que despreza a “teologia enlatada” norte-americana ou de qualquer outra realidade, uma igreja que parece não ter perdido a visão do Reino, que sabe bem da sua responsabilidade.
Por: Murillo Leal
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